Santa Catarina de Bolonha



Virgem da Segunda Ordem (1413-1463). Canonizada por Clemente XI no dia 22 de maio de 1712.

Filha de Benvenuta Mamolim e de Giovani Vigri, Catarina nasceu em Bolonha no ano de 1413. Foi educada na corte de Ferrara, como dama de companhia de Margarida, filha de Nicolau III, marquês D’Este, a serviço de quem estava seu pai como diplomata. Aos treze anos de idade, após ter ficado órfã de pai e depois do casamento de Margarida com Roberto Malatesta de Rimini, Catarina decide-se pela vida religiosa.

Foi exatamente na corte de Ferrara, num ambiente moralmente deturpado, que a semente da vocação religiosa germinou no coração de Catarina. Deixando a mãe, uma irmã e um irmão, ingressou num mosteiro de Terciárias Agostinianas (1427) aos catorze anos. Era uma comunidade fundada por uma grande dama de Ferrara, tia Lúcia Mascaroni que na época a dirigia. Durante sua permanência na corte de Ferrara, Catarina mantivera estreito contato com os Frades Menores da Observância no convento do Santo Espírito, onde recebia a orientação espiritual que solidificou o seu desejo de servir a Deus.

Percebendo que a comunidade na qual ingressara não vivia com radicalidade evangélica sua opção, sentia cada vez mais o anseio de que de comum acordo passassem a viver a Regra de Santa Clara, e que tivessem a orientação dos Observantes, cujo testemunho de vida sempre a impressionara. Com o apoio sincero e confiante da senhora Lúcia Mascaroni, depois de inúmeras dificuldades e vicissitudes motivadas por divisões internas do grupo de mulheres que viviam então no Mosteiro Corpus Christi, mas por influência decisiva de Catarina, adotam finalmente a Regra própria de Santa Clara.

O Papa Eugênio IV, em uma bula de abril de 1431, enviou algumas Clarissas de Mântua para que formassem as componentes da nova comunidade clariana, estimulando a exata observância da Regra no seu primitivo rigor, atendendo assim às santas aspirações de Catarina e das suas companheiras. Depois de algum tempo de aprofundamento neste estilo de vida – o que considerou como o seu noviciado – Catarina professou em 1432, com dezenove anos, a Regra de Santa Clara, pela qual tanto lutara.

Catarina era de saúde muito delicada, mas esquecia-se complemente de si mesma, impondo a si mesma os trabalhos mais pesados e difíceis para poupar as demais. Desempenhou muitas funções a serviço de sua comunidade, entre elas a de padeira e de enfermeira. Foi exemplar na humildade e na obediência, em meio a inúmeras tentações de rebelião e de desespero, durante boa parte de sua vida em Ferrara. Era sempre pródiga na caridade para com suas irmãs.

Dotada de uma inteligência e de uma sensibilidade e perspicácia únicas, destacou-se como grande escritora, poetisa, pintora e mística do renascimento italiano. Seu estilo literário é original, precioso para o estudo da própria língua italiana da época, no dialeto de sua região. Jamais quis aceitar o ofício de abadessa em Ferrara, mas foi longamente mestra de noviças. O seu livro “As Sete Armas Espirituais” é uma síntese belíssima de sua pedagogia espiritual.

Na perspectiva de realizar uma nova fundação em Bolonha, Catarina foi escolhida como abadessa, nas véspera da partida das fundadoras, em cujo grupo ela já se contava. O temor em relação à difícil missão que o Senhor lhe pedia fez com que adoecesse gravemente naquela noite, tanto que pensavam as Irmãs que não sobreviveria. Mas na manhã seguinte, como por um milagre, partia com quinze companheiras para Bolonha, numa viagem memorável, em carruagem adaptada como clausura, que o povo acompanhava ou aclamava com júbilo. É o ano de 1456. Em pouco tempo o número de Irmãs em Bolonha se vê multiplicado.

A fama de santidade de Catarina atrai muitas jovens. A própria mãe de Catarina e sua irmã se fazem clarissas. O Mosteiro Corpus Domini de Bolonha torna-se um verdadeiro centro espiritual naquela cidade de douta cultura. O número de Clarissas rapidamente chega a sessenta. Dentre as mais fiéis colaboradoras que Catarina teve no trabalho de implantação do ideal de Santa Clara, estão as Bem-aventuradas: Giovana Lambertini (+1476), Paula Mezzavaca (1426-1482) e Iluminata Bembo (+1496).

Todas elas ingressaram em Ferrara, antes da observância da Regra de Santa Clara; participaram do grupo que fundou o Mosteiro de Bolonha e foram exemplares em seu testemunho de vida. Iluminata foi a primeira biógrafa de Santa Catarina. Seu manuscrito “Espelho de Iluminação” conserva-se atualmente no Mosteiro Corpus Domini de Bolonha, com as obras pessoais de Catarina: As Armas necessárias às batalhas espirituais, Breviário, Tratado sobre o modo de comportar-se nas tentações, Regras de vida religiosa, Louvores e dovoções, Cartas, Louvores espirituais e poesias, todos manuscritos autógrafos, alguns inéditos.

A partir de 1461, Catarina passa por períodos sucessivos de grave doença, até sua morte a 9 de março de 1463. Foi beatificada pelo Papa Clemente VII. Em 1712, Clemente XI declarou-a santa. Seu corpo se conserva incorrupto, em perfeito estado de conservação e flexível, na Igreja do Mosteiro Corpus Domini. Está sentada, com a Regra de Santa Clara nas mãos. É um dos casos mais interessantes na história! A festa de Santa Catarina se celebra no dia 9 de maio.

BIBLIOGRAFIA
LAINATI, Chiara Augusta – Temi Spirituali dagli Scritti del Secondo Ordine Francescano. Santa Maria degli Angeli, Assisi 1970.
RICCIARDI, Renzo, Santa Caterine da Bologne Scuola Grafica Salesiana, Bologna 1970
MUCCIOLI, Maurizio – Santa Caterine da Bologne – M¡stica del Quattrocento. Antoniano Ed Nigrizia. Bologna 1963


http://franciscanos.org.br/?p=17324

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