Triste espetáculo
Olhai em volta, meus irmãos […]: porque há tantas mudanças e lutas,
tantos partidos e seitas, tantos credos? Porque os homens estão
insatisfeitos e inquietos. E porque estão eles inquietos, cada um com o
seu salmo, a sua doutrina, a sua língua, a sua revelação, a sua
interpretação? Estão inquietos porque não encontraram […]; tudo isso
ainda não os levou à presença de Cristo que é «alegria e delícias
eternas» [cf Sl 16,11].
Se tivessem sido alimentados pelo pão da vida [Jo 6,35]
e provado do favo de mel, os seus olhos ter-se-iam tornado limpos, como
os de Jónatas [1Sm 14,27] e teriam reconhecido o Salvador dos homens.
Mas, não se tendo apercebido destas coisas invisíveis, têm de continuar a
procurar e estão à mercê de rumores longínquos. […]
Triste espectáculo: o povo de Cristo errando pelas colinas «como
ovelhas sem pastor». Em vez de procurarem nos lugares que Ele sempre
frequentou e na morada que Ele estabeleceu, avêm-se com projetos
humanos, seguem guias estranhos e deixam-se cativar por opiniões novas,
tornando-se joguetes do acaso e do humor do momento, e vítimas da sua
própria vontade.
Estão cheios de ansiedade, de perplexidade, de
inveja e de preocupações, e são agitados e «levados por qualquer vento
da doutrina, pela malícia dos homens e a sua astúcia, a extraviarem-se
no erro» [Ef 4,14]. Tudo isso porque não procuram «um só Senhor, uma só
fé, um só baptismo; um só Deus e Pai de todos» [Ef 4,5-6] para nele
encontrarem «descanso para o espírito» [Mt 11,29].
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