As palavras do coração



Do alto, do princípio da Divina Escritura teve início essa oração, e são os três corifeus, apóstolos do Senhor Jesus, que falaram as palavras da oração; refiro-me a Paulo, a João e a Pedro. 


Deles recebemos essas palavras como uma herança paterna; elas são oráculos divinos e revelações do Espírito Santo, vozes de Deus, pois nós cremos que as coisas ditas e escritas pelos divinos e pneumatóforos apóstolos são todas palavras de Cristo, que ele disse pela boca dos apóstolos. 

Assim como o Nosso Senhor no santo Evangelho fez essa promessa: que ele, o Filho, junto com o Pai e o Espírito Santo viriam morar em nós [cf. Jo 14,23], não somente nos apóstolos, mas também em cada cristão que observe seus mandamentos. 

Por isso, o diviníssimo Paulo, que foi considerado digno de subir ao terceiro céu [cf. 2Cor 12,2], disse ao Senhor Jesus: Ninguém pode dizer Senhor Jesus a não ser no Espírito Santo [cf. 1Cor 12,3]…

E o teólogo João, que com voz de trovão manifestou realidades espirituais e teológicas, assumiu isso com que Paulo termina, e dele fez o princípio dizendo: Todo o que confessa Jesus Cristo vindo na carne vem de Deus [Jo 4,2]…

E também Pedro, tomou o final e fê-lo tornar-se o início, isto é, o Cristo. Quando Nosso Senhor interrogou seus discípulos: Mas vós, quem dizeis que eu sou? Pedro disse: Tu és o Cristo, o Filho de Deus [Mt 16,15-16], o que foi revelado pelo Deus e Pai do céu, como atesta Nosso Senhor no santo Evangelho [cf. Mt 16,17]. 

Medita como esses três santíssimos apóstolos de Cristo, nas palavras que dizem, estão ligados um ao outro como numa corrente. Um toma do outro as mesmas palavras, de modo que a palavra que o primeiro diz como última, o segundo fá-la tornar-se o princípio e assim o terceiro, e formam essa oração, pois Paulo diz: “Senhor Jesus”, João: “Jesus Cristo”, e Pedro: “Cristo Filho de Deus”; forma-se, assim, uma corrente admirável e o final que é “Filho de Deus”, se encontra com o início que é “Senhor”. 

Não há nenhuma diferença entre o dizer “Senhor” e “Filho de Deus”, pois as duas expressões mostram a divindade do Unigênito Filho de Deus … Desse modo, os bem-aventurados apóstolos nos transmitiram o uso de dizer no Espírito Santo e de confessar: “Senhor, Jesus Cristo, Filho de Deus”.

- Anônimo (Marcos Eugênico),
[Discurso admirável, vol. V, pp. 63-64].

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