MEDITAÇÃO CRISTÃ
# Meditar é recolher-se na quietude interior para ficar em total silêncio na presença de Deus.
# Meditar é retirar-se às profundezas de si mesmo para deixar-se marcar pelo Mistério Divino.
# Meditar é abandonar-se com confiança nos braços do Pai em profunda quietude de corpo, mente e coração.
# A meditação é antes de tudo um “encontro” conosco mesmo e com Deus que nos aguarda nas profundezas de nosso ser.
COMO MEDITAR
1- Num lugar tranqüilo, sente-se confortavelmente, mantendo a coluna reta.
2- Feche seus olhos e permaneça em quietude profunda.
3- Em silêncio, interiormente,comece a repetir o Nome mais belo e mais santo que há: JESUS.
4- Permaneça repetindo o Nome Santo de Jesus, voltando para ele toda a sua atenção.
5- Toda vez que sua atenção se desviar do Santo Nome (distrações), volte a ele com paciência e tranqüilidade.
6- Não fique refletindo sobre o sentido do Nome de Jesus. Sua única tarefa consiste em repeti-lo interiormente com toda atenção possível.
7- Medite por um período de 20 a 30 minutos, sempre no início e no final de cada dia.
Durante a meditação, permaneça imóvel e relaxado. Porém, consciente e vigilante. Tenha cuidado para não dormir.
Em profundo silêncio, abandone-se nos braços do Pai, que acolhe você incondicionalmente, e escute o Espírito Santo clamar dentro de você o Nome que está acima de todo nome: JESUS.
Persevere, e você experimentará o sabor da Vida Nova.
Em meio aos seus afazeres cotidianos ou em seu descanso, permaneça a se lembrar do Santo Nome de Jesus. Nunca se esqueça daquele que nunca se esquece de você.
O LUGAR DA MEDITAÇÃO
Em sua casa, você deverá escolher um lugar tranqüilo, aconchegante e agradável para ser o seu “cantinho de meditação”. Esse cantinho será o lugar consagrado para o seu encontro com Deus no silêncio contemplativo, sempre no início e no final de cada dia.
Para que você se mantenha numa postura correta e confortável durante toda a meditação, é importante a escolha de uma cadeira adequada à sua altura.
OS FUNDAMENTOS DA MEDITAÇÃO CRISTÃ
O método da meditação cristã encontra seus primeiros fundamentos na vida e nos ensinamentos dos Padres do Deserto. Tais ensinamentos chegaram até nós graças ao esforço de antigos monges, bispos e teólogos que nos transmitiram em suas obras toda a riqueza da oração contemplativa vinda do deserto.
1. SÃO JOÃO CASSIANO:
Nasceu por volta do ano 360 na Cítia Menor, onde hoje encontramos a Romênia. Ainda bem jovem, partiu para a Palestina, tornando-se monge em Belém. Peregrinou pelo deserto do Egito, onde foi instruído nos costumes monásticos por grandes mestres espirituais. Mais tarde, após passar um tempo em Constantinopla, chegou a Roma, e de lá foi se instalar em Marselha (França), onde fundou dois mosteiros: um masculino e outro feminino. Escreveu obras importantes, nas quais foram registrados os melhores ensinamentos que recebera dos seus mestres espirituais. Suas duas obras principais são as Instituições cenobíticas e as Conferências dos Padres. Morreu no ano de 435.
Para colocar em prática o mandato do apóstolo “orai sem cessar” (1Ts 5,17), João Cassiano, transmitindo os ensinamentos dos antigos Padres do Deserto, aconselha na sua X Conferência o uso da repetição incessante de um versículo:
“Para possuir a lembrança contínua de Deus, ser-vos-á proposta como inseparável esta fórmula de piedade: Ó Deus vinde em meu auxílio; Senhor, apressai-vos a socorrer-me (Sl 69,2).
(...) Resumindo, direi que este versículo é útil e necessário para todos nós, qualquer que seja a situação e cada um.
(...) Portanto, este versículo deve ser rezado incessantemente e continuamente: na adversidade, para dela sermos libertados; na prosperidade, para nela nos conservarmos e não cairmos no orgulho. Sim, que a meditação deste versículo se revolva ininterruptamente no teu coração. Ocupado em qualquer trabalho ou ofício ou em viagem, não cesses de o repetir. (...) Este revolver do coração tornar-se-á para ti uma fórmula de salvação que não só te guardará ileso de qualquer investida dos demônios, mas também, purificando-te de todos os vícios e do contágio terreno, te conduzirá à contemplação das coisas celestes e invisíveis e àquele ardor inefável de oração experimentado por poucos. Que o sono te surpreenda a meditar este versículo, até que, modelado pela sua meditação incessante, te habitues a repeti-lo mesmo durante o sono. Que ele seja o primeiro pensamento a ocorrer-te ao acordares e, uma vez desperto, tenha a primazia sobre todos os outros.
(...) Sim, que a alma retenha incessantemente esta fórmula, até que, fortalecida pela sua repetição constante e meditação contínua, venha a rejeitar e a recusar as riquezas e os abundantes bens de toda a espécie de pensamentos e, assim exercitada pela pobreza deste versículo, chegue, por um declive fácil, àquela bem-aventurança evangélica que detém a primazia entre todas as outras: bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos céus (Mt 5,3)”.(São João Cassiano, X Conferência, cap.X e XI).
2. A NUVEM DO NÃO-SABER
Em fins do século XIV, na Inglaterra, um autor anônimo, provavelmente um monge, escreveu uma obra chamada “A Nuvem do não-saber”, dedicada especialmente a todos aqueles que desejam trilhar os caminhos da oração contemplativa. Nesta obra, o autor oferece uma maneira de lidar com os diversos pensamentos (distrações), que se fazem presentes na mente do orante, quando este deseja apenas estar na presença de Deus, em completo silêncio contemplativo:
“Levante então seu coração para Deus com um humilde impulso de amor e destine-o ao Deus que criou você e o resgatou, e que na sua graça chamou você para este exercício. (...) Escolha uma palavra que seja curta e que tenha apenas uma sílaba: uma palavra que tenha apenas uma sílaba é melhor do que a que tem duas, pois quanto mais curta a palavra, melhor concorda com o trabalho do espírito. Assim é a palavra ‘Deus’ ou a palavra ‘amor’. Escolha a que você preferir, ou qualquer outra segundo o seu gosto. Selecione, pois, a palavra de uma sílaba de sua preferência. Prenda esta palavra ao seu coração, de modo que, aconteça o que acontecer, ela jamais vá embora. Esta palavra há de ser o seu escudo e a sua espada, quer você esteja cavalgando na paz ou na guerra. (...) Com esta palavra você deverá abater toda espécie de pensamento.” (A Nuvem do não-saber, cap. VII).
3. JOHN MAIN
John Main nasceu em Londres no ano de 1926, no seio de uma família católica irlandesa. Após ter estudado Direito em Dublin, foi trabalhar para o Serviço Colonial do Governo Britânico, no Oriente (Malásia), onde conheceu um “swami” (monge hindu) que o ensinou a meditar através da repetição de um mantra.
Voltando à Europa, John Main foi lecionar Direito em Dublin e depois exercer a advocacia em Londres, onde, mais tarde, aos trinta e três anos, se fez monge beneditino. Para seu dissabor, o mestre de formação recomendou-lhe que abandonasse aquele método de meditação porque não era uma “forma cristã de oração”.
Alguns anos mais tarde, trabalhando como reitor de um colégio beneditino em Washington, ele encontrou, nas “Conferências” de João Cassiano, a tradição cristã do “mantra” (repetição de uma palavra sagrada). Após essa descoberta providencial, ele voltou com novo entusiasmo ao caminho da meditação, agora fundamentada na rica tradição contemplativa cristã.
De volta a Londres, exerceu a função de Prior e Mestre de Noviços em sua abadia de Ealing. Nessa ocasião, fundou um centro de meditação cristã com o intuito de ensinar e partilhar esse antigo e sempre novo caminho de oração.
Em 1977, a pedido da Arquidiocese de Montreal, Canadá, John Main fundou o Priorado Beneditino de Montreal para ser um mosteiro contemplativo em pleno centro urbano, dedicado à prática e ao ensino da meditação. Aí, nesse mosteiro, ele passou os últimos anos de sua vida como um incansável apóstolo da meditação.
John Main faleceu em 30 de dezembro de 1982, no mesmo mosteiro fundado por ele, a partir do qual seus ensinamentos e seus ideais se espalharam pelo mundo afora.
No seu livro “A PALAVRA QUE VEM DO SILÊNCIO” (ed. Paulus), John Main expõe o seu método de meditação:
“...Vou explicar a técnica básica da meditação. Sente-se confortavelmente e relaxe. Certifique-se de que está sentado em posição erecta. Respire calma e regularmente. Feche os olhos e depois, em sua mente, comece a repetir a palavra que você escolheu como sua palavra de meditação. (...) O que é importante lembrar a respeito do seu mantra é escolhê-lo, se possível, consultando seu mestre, e depois faz-se mister conservá-lo com perseverança. Se você começar a trocar e mudar o seu mantra, estará atrasando seu progresso na meditação.”(pág. 27-29).
“Repita a palavra ou frase calmamente, serenamente, e, sobretudo, com absoluta fidelidade ao tempo pleno de sua meditação, que deve ficar entre vinte e trinta minutos.” (pág.32).
“Por meio do mantra, deixamos atrás de nós todas as imagens que passam e aprendemos a repousar na imensidão infinita do próprio Deus.” (pág. 36).
“Lembre-se de que, para meditar bem, você precisa do lugar mais sossegado que possa encontrar. (...) Para meditar, você precisa apenas repetir o seu mantra com fidelidade perseverante. (...) Em sua meditação, você não irá concentrar-se em idéias ou em imagens. Você irá concentrar-se no mantra e no silêncio a que ele o leva.”. (pág. 82-83).
4. A ESCOLA FRANCISCANA DE MEDITAÇÃO
A Escola Franciscana de Meditação (EFRAM) pratica a meditação invocando o Santíssimo Nome de Jesus no início e no final de cada dia. Os meditantes também invocam o Santo Nome durante os afazeres cotidianos com o intuito de cultivar continuamente a “lembrança de Deus” no coração.
Frei Salvio Romero (Eremita Capuchinho).
http://escolafranciscanademeditacao.blogspot.com.br/p/como-meditar.html
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