EVÁGRIO PÔNTICO (345-397)

Vida e Pensamentos:

Evágrio foi um monge, nascido por volta de 345, originário da Capadócia, em Ibora, no Ponto, e por isso ele é chamado de Pôntico. Passou dezesseis anos de sua vida no deserto do Egito, como anacoreta. Foi discípulo e amigo de São Gregório Nazianzeno. Evágrio conheceu bem cedo os três capadócios: São Basílio, São Gregório de Nissa e São Gregório de Nazianzo, sendo ordenado diácono por este último. Herdeiro dos grandes Padres Alexandrinos, Clemente e Orígenes, ele conduziu uma das grandes correntes da espiritualidade bizantina. Foram seus herdeiros, João Clímaco, Máximo, o Confessor, Simeão o Novo Teólogo, os Hesicastas…
Evágrio foi implicado na condenação do origenismo em 553; alguns acham incômodo citá-lo, no entanto, ele penetra e está presente em toda parte. Para Evágrio a ascenção espiritual consiste em contemplar a Deus em si mesmo, de modo que se vê a Deus como num espelho. O caminho consiste em despojar-se dos pensamentos apaixonados, depois, mesmo dos pensamentos simples, até a completa nudez de imagens e conceitos.
Evágrio morreu por volta de 397, deixando inúmeras obras sobre a oração, a vida monástica e ascética.

Pensamentos De Evágrio Pôntico

«Não imagines possuir a Divindade em ti, quando oras, nem deixes tua inteligência aceitar a marca de uma forma qualquer; mantém-te como imaterial diante do Imaterial e compreenderás».
«Não poderias possuir a oração pura, estando perturbado com coisas materiais e agitado por inquietações contínuas, pois a oração é abandono dos pensamentos»,
«A oração é produto da doçura e da ausência de ira».
«Esforça-te por manter teu intelecto surdo e mudo durante a oração: assim poderás orar».
«Se oras verdadeiramente, sentirás uma grande segurança: os anjos te escoltarão como a Daniel e te iluminarão sobre as razões dos seres».
«Se queres orar como convém não entristeças nenhuma alma; senão, corres em vão».
«Bem-aventurada a inteligência que, no momento da oração, torna-se imaterial e despojada de tudo».
«A oração é uma ascenção da inteligência para Deus».
«A oração é a atividade que convém à dignidade da inteligência; é a aplicação mais admirável e mais completa desta».
«Se és teólogo, vais orar verdadeiramente; e se oras verdadeiramente, és teólogo».
«A salmodia depende da sabedoria multiforme; a oração é o prelúdio do conhecimento imaterial e uniforme».
«Quanto mais perto estiver de Deus, tanto melhor será o homem».
«A oração é fruto da alegria e do reconhecimento».
«Enquanto ainda tens atenção para o que provém do corpo; enquanto tua inteligência considera os atrativos externos, ainda não viste o lugar da oração; estás mesmo longe do caminho abençoado que conduz a ele».
«O corpo tem o pão por alimento; a alma, a virtude; a inteligência, a oração espiritual».
«Na hora de orar, encontrarás o fruto de todo sofrimento aceito com sabedoria».
«Os sentimentos mal orientados atrapalham a oração».
«Feliz o espírito livre de qualquer forma durante a oração».
«O rancor cega a faculdade mestra de quem ora e derrama-lhe trevas sobre as orações».
«Aspira a ver a face do Pai, que está no céu: não procure, por nada deste mundo, perceber forma ou rosto durante a oração».
«Pois, quando em tua oração tiveres conseguido ultrapassar qualquer outra alegria, é que finalmente, em toda verdade, terás encontrado a oração».
«Armado contra a ira, não admitas jamais a cobiça, pois é a cobiça que alimenta a ira, esta por sua vez, turva os olhos da inteligência e destrói assim, o estado de oração».
«A oração é uma conversa da inteligência com Deus: que estado não é, pois, necessário, para essa tensão sem retorno, para ir a seu Senhor e conversar com Ele, sem nenhum intermediário?»
«Mantém-te corajoso e ora com energia; afasta as preocupações e e as reflexões que se apresentarem, pois elas te perturbam e te agitam, debilitando o teu vigor».
«Se queres orar dignamente, renuncia-te a todo instante; se suportas toda sorte de provações, resigna-te sabiamente por amor da oração».
«Não te contentes de orar nas atitudes exeriores, mas leva tua inteligência ao sentimento da oração espiritual, com grande temor».
«Não ores para que tuas vontades se cumpram: elas não concordam necessariamente com a vontade de Deus. Ora, sim, segundo o ensinamento recebido, dizendo: ‘que vossa vontade se cumpra em mim’. Em tudo, pede-lhe que se faça a sua vontade, pois Ele quer o bem e o benefício para tua alma; tu, porém, não é isso necessariamente que procuras».
«A oração sem distração é a intelecção mais alta da inteligência».
«Orando com teus irmãos ou orando só, esforça-te por orar, não por hábito, mas com sentimento».
«Quem ama a Deus conversa incessantemente com Ele, como com um Pai, despojando-se de todo pensamento apaixonado».
«Quem ora em espírito e em verdade, não tira mais das criaturas os louvores que dá ao Criador: é do próprio Deus que ele louva Deus».
«O rancor cega a faculdade mestra de quem ora e derrama-lhe trevas sobre asorações».
«A oração é a exclusão da tristeza e do desalento».
Evágrio Pôntico (345-397)

http://www.ecclesia.org.br/biblioteca/sophia/2009/08/10/evagrio-pontico-345-397/

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