Tormento divino em que o amor é a espada! - São João da Cruz


Amemos, minha irmã, e que tudo desapareça.
A alma amando se identifica a seu Deus.
Não esperemos que sua glória apareça
Para contemplar como os bem-aventurados!
Ele está em nós, nós temo-lo por sua graça,
E como no Céu já O adoramos!
Mas logo ao contemplar Sua Face,
Seu Nome divino brilhará sobre nossas frontes!
Quando, então, será o fim da espera?
Quando poderemos, enfim, nos imolar?
Esperando, sejamos totalmente adorantes,
Porque nosso Cordeiro quer nos purificar.
Não percebes a paixão suprema
De dar ao Cristo um pouco de seu amor?
Eu quero morrer, para Lhe dizer: “Eu te amo,
E como tu, eu me entrego neste dia!”
Santa Teresa no Céu deve-nos sorrir
Porque ela também quis fugir um dia.
Deus reservou-lhe outro martírio,
Ela morreu “Vítima do Amor!”
Oh! Como é belo o martírio das virgens
Aquele dos corações feridos pelo Infinito,
Tormento divino em que o amor é a espada!
Dardo inflamado, transpassa-nos também!

SÃO JOÃO DA CRUZ

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